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Extensão em marcenaria de professor de Arquitetura une práticas de ensino com função social

Publicado: Quinta, 15 de Março de 2018, 15h57 | Última atualização em Terça, 30 de Janeiro de 2024, 19h04

Uma iniciativa que deveria ser apenas uma complementação de sala de aula se tornou um projeto com viés social na Zona Norte da capital paulista.

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O professor Felipe Mujica, da Diretoria de Construção Civil do Campus São Paulo (DCC/SPO), em busca de ferramentas para aprendizado dos alunos do curso de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo do campus, encontrou, numa iniciativa público-privada com a Prefeitura de São Paulo, uma maneira de conciliar práticas de ensino que se transformaram em uma função social. No sábado, dia 10 de março, foi realizada a certificação dos alunos e participantes do projeto.

Com a oferta de ciclos de oficinas em marcenaria e fabricação digital, entre os meses de agosto e dezembro de 2017, no Centro Cultural da Juventude (CCJ), no bairro da Vila Nova Cachoeirinha, Zona Norte de São Paulo, alunos e comunidade puderam aprender técnicas e construir mobiliário de descanso e recreação para o próprio centro comunitário. As aulas foram ministradas dentro do projeto do Fab Lab Livre SP, uma rede pública de laboratórios de criatividade, aprendizado e inovação acessível a todos interessados em criar, desenvolver e construir projetos.

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Para o professor Felipe Mujica, tudo começou com uma disciplina de Computação Gráfica, em que se faz maquetes através de impressão 3D e corte a laser, e da não disponibilidade desse equipamento no campus. “A coordenadora do curso conhecia o Fab Lab, o bom trabalho que os técnicos desempenhavam, e que eles poderiam dar o suporte necessário para essa disciplina”, disse Mujica. “A partir disso, conversando com eles, veio a ideia de se fazer uma oficina de marcenaria para atender as necessidades do CCJ através de projetos de móveis”, relatou.

Desta forma, a inserção dos alunos na realidade social da comunidade foi fundamental para se ensinar uma prática aplicada. “Quem participou do projeto pode aprender, desde entender a necessidade de um cliente, neste caso, os usuários do CCJ e o próprio CCJ, até como elaborar um projeto e a produção e fabricação de móveis, jogos, brinquedos e objetos em geral, aprendendo as técnicas de fabricação digital e marcenaria, afirmou o professor.

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Foram fabricados, ao longo das práticas das oficinas, balcão e nichos para recepção do Centro Cultural, sofás, poltronas e espreguiçadeiras para as áreas comuns, e para a área de recreação, nichos para brinquedoteca, minipista de boliche e mesa de pingue-pongue (uma nova e a reforma de uma antiga).

Os materiais utilizados vieram de doações do próprio ITS Brasil, da prefeitura municipal, e da empresa Fortes D’Aloia & Gabriel, que conta com espaços de galerias de exposição de obras de arte na capital, e doou caixas de madeira utilizadas no transporte de quadros e pinturas, que foram desmontados e reaproveitados. Além da madeira, as espumas de poliuretano, usadas para proteger as obras, foram aplicadas para forrar os assentos fabricados.

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O apoio dos técnicos de fabricação digital do Fab Lab também foi considerado como fundamental para o sucesso de todo o projeto. E, em certos casos, com o uso de equipamentos dos próprios funcionários, o trabalho pode ser completado em sua íntegra. A convivência nesses meses, com a troca de experiências e conhecimentos foram pontos positivos apontados por eles.

Para César Augusto Garcia de Alencar, artista plástico e técnico de fabricação digital no Fab Lab, a parceria pode ser avaliada como excelente. “É fundamental partir do educador, do formador, a motivação para os alunos participar e se envolver, e uma vez que ‘pegam o ritmo’, que entendem a importância do que foi proposto, de um salão vazio que precisava ser mobiliado para a população poder ocupar com qualidade”, disse ele. “Foi um trabalho de “destrinchar” a matéria-prima, para ressignifica-la completamente, fazendo-a ficar, inclusive, com uma aparência agradável, rendendo um trabalho que o Centro não tinha visto antes”, afirmou.

Jesus Cavalcante de Assis Neto, técnico de fabricação digital, arquiteto, afirma que muitas vezes a prática aplicada dessa forma não é algo que se aprende em sala de aula. “Essa parceria contribui com a troca de experiência, tanto com o pessoal do IFSP, quanto da comunidade que participou do projeto. Esse entendimento de você experimentar algo, apresentar, mostrar o funcionamento estrutural, testando, vendo se vai funcionar ou não, e ao ver o resultado final, é gratificante”, afirmou.

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Experiência e vivência acadêmica. Alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo do Campus São Paulo certificados no projeto conheceram a iniciativa através do convite feito pelo professor Felipe Mujica em sala de aula, cartazes afixados pelo Bloco H, do DCC, e nas conversas em grupos de redes sociais e se empolgaram com a possibilidade de manusear ferramentas e com as atividades práticas.

Para as alunas Érika Harumi Nishimoto Monetti, Érika Tempobono e Giovanna Cardoso, do 9º período, toda a experiência de poder ver o resultado de um trabalho pronto foi gratificante. “Foi um processo construtivo muito bom, tivemos reuniões e debates de ideias, mas o melhor foi poder ‘botar a mão na massa’, foi uma experiência muito gostosa. Foi um grupo que deu muito certo, tivemos bastante interação, que deu um resultado bem legal. Tanto para o CCJ, quanto para gente, foi bem enriquecedor”, disse Érika Harumi. “Foi bom ter usado as ferramentas de marcenaria, que eu nunca tive contato antes, ajudou a perder o ‘medo’ de cortar e montar, além de aprender, ainda, sobre os tipos de madeiras e suas aplicações”, afirmou Érika Tempobono. “O trabalho manual foi uma espécie de ‘escape’ para todos os trabalhos que temos na faculdade, mesmo sendo uma extensão do próprio campus, como nos identificamos, nos sentimos mais ‘livres’, que estamos lá por ‘conta própria’”, completou Giovanna.

E os alunos Gabriel Leda e Nickolas Floriano, do 3º período, também avaliaram como positivo a parte prática e o manuseio de ferramentas, até então, novidades para eles. “Quando fiquei sabendo sobre as oficinas, eu me empolguei, porque a marcenaria foi algo que sempre me chamou atenção, então fui em busca dessa experiência. No início, achei que as aulas seriam no campus e no CCJ, mas como foram todas no Fab Lab, ajudou, pois moro perto, e pude ficar no curso até o final”, disse Gabriel. “A oficina chamou a atenção, principalmente, pela parte de manuseio das ferramentas e, depois, o que prendeu meu interesse foi a parte social, pois estávamos ajudando a comunidade a se integrar naquele ambiente. Além de um aprendizado, a gente carrega, também, uma convivência com aquelas pessoas que frequentam o lugar”, relatou Nickolas.

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Ação e parceria contínuas. O bom resultado das oficinas gerou uma nova parceria, desta vez, permanente, entre o Campus São Paulo e o ITS Brasil, para novas ações a serem desenvolvidas no CCJ e que poderá se espalhar para as outras onze unidades do Fab Lab Livre SP.

A iniciativa se tornou, neste ano de 2018, um projeto de extensão aprovado pelo Campus São Paulo por meio do edital de chamada de projetos e ofertará bolsas para estudantes do IFSP. O projeto “Marcenaria e Fabricação Digital aplicados à mobiliário infantil” acontecerá, novamente, no Fab Lab Livre SP do Centro Cultural da Juventude, ao longo do ano, sendo novamente coordenador pelo professor Felipe Mujica.

O projeto contemplará a fabricação de mobiliário para atender creches e uma escola infantil de ensino fundamental do município. Os alunos Érika Monetti, Érika Tempobono, Gabriel Leda e Nickolas Floriano, que foram certificados na oficina, farão parte do projeto como bolsistas extensionistas.

Saiba Mais. Frutos de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia da Prefeitura Municipal de São Paulo e o Instituto de Tecnologia Social (ITS Brasil), os Fab Labs Livre SP são abertos e acessíveis a todas as pessoas que tenham interesse em aprender, desenvolver e construir projetos coletivos ou pessoais, envolvendo tecnologia de fabricação digital, eletrônica, técnicas tradicionais e práticas artísticas.

Conheça a iniciativa, unidades e cursos, através da página fablablivresp.art.br.

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